Manifestantes pedem eleições diretas e fim de reformas

Participantes marcharam do calçadão até o prédio do MPT; Polícia informa que ato transcorreu de forma

PRUDENTE - André Esteves

Data 01/07/2017
Horário 14:55
José Reis, Em Prudente, militantes e sindicalistas se posicionaram contra reformas do governo federal
José Reis, Em Prudente, militantes e sindicalistas se posicionaram contra reformas do governo federal

Manifestantes se reuniram na Praça Nove de Julho, em Presidente Prudente, na manhã de ontem, para mais um dia de protesto contra as reformas trabalhista e previdenciária e a favor da emancipação das eleições de 2018. Diferente de outras cidades do país, o ato não afetou os serviços públicos e transcorreu de forma “ordeira e democrática”, expõe a 5ª Companhia do 18º BPM/I (Batalhão de Polícia Militar do Interior).

Na ocasião, os participantes fizeram uma caminhada pelo calçadão da Rua Tenente Nicolau Maffei e, em seguida, marcharam até a sede do MPT (Ministério Público do Trabalho). De acordo com o representante regional da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), Paulo Oliveira, o prédio foi o local simbólico escolhido, porque as reformas movidas pelo governo federal estão relacionadas aos direitos trabalhistas, no entanto, entende que o órgão não tem culpa pelas medidas e é também uma “vítima do Congresso”.

O capitão comandante da PM, Marcelo Moura, responsável por acompanhar o evento, informa que os únicos embaraços causados pela manifestação foram referentes ao trânsito, uma vez que a marcha na calçada era inviável e os participantes precisaram ocupar as vias percorridas, sendo elas a Avenida Brasil e a Washington Luiz. Segundo a contagem da PM, 80 pessoas fizeram adesão ao movimento. A organização, por sua vez, estima a participação de aproximadamente 200 interessados – número bem aquém das 10 mil pessoas aguardadas inicialmente.

A coordenadora regional da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Ana Kuhn, comenta que, mesmo de férias, os professores decidiram se agrupar na tentativa de “segurar o que o governo federal está querendo fazer”, além de evidenciar a indignação contra o Estado pelos quatro anos sem o aumento salarial da categoria.

A secretária de Finanças do Sintrapp (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Presidente Prudente e Região) e diretora-executiva da subsede da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em São Paulo, Sônia Auxiliadora Vasconcelos Silva, afirma que as “reformas tiram os direitos e fazem com que todas as lutas dos servidores sejam perdidas”.

Já o presidente do Sindicato dos Bancários de Presidente Prudente, Edmilson Trevisan, destaca que, caso as reformas passem pelo Congresso, a entidade representativa divulgará em peso o nome e o rosto de todos os que votaram contra os trabalhadores, para que, nas próximas eleições, estes não sejam eleitos pelo povo.

Vinda do Assentamento Padre Josimo, em Teodoro Sampaio, a estudante Vitória Prisca, 22 anos, clama por mudanças. “Estamos diante de uma falsa democracia, que dita deveres, mas os direitos nos são tirados”, considera. Já a psicóloga Bianca Silva Bianchi, 24 anos, enfatiza a importância da participação dos jovens em atos como esse, considerando que a juventude segue com “pouca representatividade”. “Além disso, a participação política deve acontecer em qualquer idade”, salienta.

Em relação ao pedido por Diretas Já, Bianca argumenta que esta é uma das saídas para que a presidência seja ocupada por um governador legítimo, isto é, eleito pela nação. A esse respeito, Edmilson acrescenta que a luta reivindica a renúncia do presidente Michel Temer (PMDB) e a convocação das eleições onde o povo decide. “Pois com o governo que temos, se houver eleição indireta, não vejo perspectiva de melhora”, pontua.

 

“A participação política deve acontecer em qualquer idade”

Bianca Silva Bianchi,

psicóloga

Publicidade

Veja também