O falecimento do primeiro bispo da Diocese de Presidente Prudente, Dom José de Aquino Pereira, completou 14 anos na segunda-feira. Ele morreu em 17 de novembro de 2011. A diocese recordou o fato o descrevendo como um "pastor que marcou profundamente a história da igreja particular prudentina".
"Dom Aquino deixou um legado de fé, coragem missionária e entrega generosa, tornando-se figura central na construção e organização da nova diocese, instalada em 1960", apontou.
Para celebrar sua vida e missão episcopal, a diocese resgatou um relato histórico publicado na época de sua posse pelo Jornal O Oeste Paulista, de Santo Anastácio, que descreveu com emoção a chegada do primeiro bispo e a instalação oficial da diocese. O texto, reproduzido integralmente abaixo, revela o entusiasmo da comunidade, a grandeza da solenidade e o impacto da nova etapa que se iniciava para a igreja no oeste paulista.
“Imponente e simpática a manifestação religiosa de ontem em Presidente Prudente. Às 17h, chegava a caravana automobilística conduzindo as altas autoridades eclesiásticas. Uma multidão superior a 15 mil pessoas enchia as Praças Monsenhor Sarrion e Nove de Julho.
Trocados os primeiros cumprimentos entre as autoridades civis, militares e eclesiásticas da região de Presidente Prudente e os ilustres prelados, pôs-se o cortejo em marcha em direção à Catedral de São Sebastião, onde com um comovente cerimonial litúrgico foi instalada a nova diocese e dado posse ao seu primeiro bispo, D. José de Aquino Pereira, por S. Excia. Revma. D. Armando Lombardi, núncio apostólico de S.S. o Papa João XXIII no Brasil.
O novo bispo dirigiu uma notável saudação aos seus novos diocesanos, notabilíssima sob todos os aspectos, e um primor de linguagem e de doutrina. O solene “Te Deum” e a bênção com o SS. Sacramento encerraram as solenidades religiosas do primeiro dia de tríduo festivo. Hoje, às 10h., S. Excia. Revma. D. José de Aquino Pereira celebrará sua primeira missa pontifical na nova Catedral de São Sebastião.
Filho de Manuel de Aquino Pereira e Maria do Rosário, nasceu S. Excia. Revma. na cidade S. Cibrão, na paróquia de Andrães, Diocese de Vila Real e Província de Trás-os-Montes, Portugal, aos 22 de abril de 1920. Vindo ainda jovem para o Brasil, fez seus estudos superiores no Seminário Central de São Paulo, tendo sido ordenado sacerdote na Catedral de São Carlos, em 3 de dezembro de 1944, pela Exma. e Revmo. Sr. D. Gastão Liberal Pinto, então bispo diocesano.
Na Diocese de São Carlos, onde sempre militou, exerceu os seguintes cargos: vigário, cooperador da Catedral (de 10 de janeiro a 10 de março de 1945); professor do Seminário Menor (de 10 de março de 10 de agosto de 1945); pároco de São Bento de Araraquara (de 19 de agosto de 1945 a 19 de fevereiro de 1944); e vigário ecônomo de São Carlos (de 20 de fevereiro de 1949 até fevereiro de 1958).
Exerceu também o cargo de vigário forâneo, tendo sido em 7 de janeiro de 1953 nomeado cônego catedrático do Cabido Diocesano e, em 4 de novembro de 1955, monsenhor camareiro secreto de S.S. Santidade o Papa Pio XII.
Em fevereiro de 1958, foi eleito o bispo diocesano da diocese de Dourados, no Estado do Mato Grosso, por S.S. Santidade o Papa Pio XII. Foi sagrado bispo aos 13 de abril de 1958, na Catedral de São Carlos, por S. Excia. Rvma. D. Dom Ruy Serra, bispo diocesano, tendo como consagrantes D. José Carlos de Aguirre, bispo de Sorocaba, e D. Agnelo Rossi, bispo de Barra do Piraí, no Estado do Rio. Sua posse em Dourados se deu aos 24 de maio de 1958, quando foi da instalação da diocese.
Criada a 20 de fevereiro de 1960 a nova diocese de Presidente Prudente, foi D. José de Aquino Pereira, por decreto de S.S. o Papa João XXIII, nomeado bispo de Presidente Prudente, diocese sugragánea do Arcebispado de Botucatu.
Choram os fiéis da Diocese de Dourados a transferência de seu amadíssimo pastor, que tantas provas de amor e veneração lhes deu, já com palavras de animação, já remediando a indigência, que é o triste salário dos infelizes; mas os destinos da igreja assim o exigem.
Muito maior é o campo aberto a S. Excia. para derramar os seus benefícios. Tem nestas terras paulistas muitos filhos que ansiosos aguardavam sua chegada e que decerto o estimarão como pai carinhoso.
Oxalá, que a colheita seja digna do operário e que as bênçãos do céu coroem os trabalhos de S. Excelência. Deixar a pátria que nos viu nascer e afastar-se, talvez, para não mais voltar é grande sacrifício, ação digna de um coração forte e generoso.
As lágrimas que a saudade da pátria nos faz brotar dos olhos partem do coração; mas essas lágrimas, quando fruto de abnegação e sacrifícios, convertem-se em pedras preciosas e gastadas na coroa da glória que nos espera.
A redação do O Oeste Paulista, apresentando a S. Excia Revma. Dom José de Aquino Pereira, nosso novo pastor, a expressão humilde e singela, mas reverente e sincera, de seu mais profundo respeito, acatamento e submissão, faz ardentes votos no Céu para que se digne abençoar os trabalhos de S. Excia. Revma., fazendo-os frutificar centuplicadamente para bem da igreja, da pátria e de nova Diocese de Presidente Prudente."
A diocese expõe que a lembrança desse texto histórico "reacende o clima de esperança e entusiasmo que acompanhou o nascimento da diocese".
"Dom José de Aquino Pereira permaneceu no período de 1960 a 1968 e foi responsável por organizar suas primeiras estruturas, criar paróquias, fortalecer pastorais e dar os passos iniciais da caminhada que hoje frutifica em mais de seis décadas de evangelização. A Diocese de Presidente Prudente rende homenagem a seu primeiro pastor e eleva preces a Deus em ação de graças por sua vida, sua entrega e seu testemunho", pontua.

Foto: Diocese de Prudente - Reprodução de reportagem sobre posse do bispo pelo Jornal O Oeste Paulista, de Santo Anastácio