Segundo documentos da Biblioteca Real do Paço de Mafra, datam de 1741 as primeiras referências à realização de corridas de touros no Largo do Campo Pequeno, assim como existiram outras praças de touros em alguns pontos da cidade de Lisboa, como Xabregas, Salitre e Campo de Santana. Seu antigo prédio de tijolo maciço de estilo neo-árabe foi modernizado e, nos dias de hoje, abriga diversos bares, restaurantes e um centro comercial. Bem, o corpo central do edifício transformou-se numa confortável casa de espetáculos com programação intensa no decorrer do ano. E as touradas são cada vez mais esporádicas. Afinal, a grande maioria da população da cidade repudia as atividades tauromáquicas dada a violência e crueldade a que são sujeitos os animais.
Ainda ontem caminhava despretensiosamente por ali. Era uma bela noite lisboeta. Muitas pessoas caminhando pelas ruas da cidade. Lua cheia entrecortando as edificações mais altas, quando me encontrei frente a frente com a bilheteria do espetáculo aberta. Exatamente naquela hora começava o show de Chico Buarque e havia lugares disponíveis! E como num passe de mágica, em alguns minutos, estávamos posicionados quase em frente ao grande artista, aquele que há pouco havia sido agraciado com o Prêmio Camões, estabelecido para valorizar o patrimônio da nossa língua portuguesa.
Um sentimento de profundo pertencimento tomou conta de mim. De música em música, alinhavada por sutis retoques vocais de Mônica Salmaso (que entrava e saia discretamente do palco por diferentes cantos), fui completamente capturado por aquela atmosfera de um tempo de amar “te amando devagar e urgentemente”.
Muitas histórias passaram por mim. Como se, no tempo da delicadeza, nada aconteceu, era preciso consumar, no último momento, “um tempo que refaz o que desfez”. Lembrei-me daquelas canções que embalaram por muito tempo o sono das minhas meninas. Paula chegou embaralhando as linhas das minhas mãos. Eu era muito jovem. Projetos de pai. Projetos de professor. E Julia me fez pensar que as meninas eram todas minhas, que doce ilusão (risos)... Afinal eu era o herói e você era a noiva do cowboy e “meu cavalo só falava inglês...”. Quantos encontros! E os desencontros “no tempo da delicadeza”?
E como foi bonita a tua festa, pá! A Vela me puxando para a dança em frente ao palco. Ela me dando a mão e, agora, a gente já não tinha medo não. Mais uma daquelas noites que não tem mais fim... E eu não deixo ninguém maltratar as meninas, as minhas não! E gira, gira, as meninas do meu coração.
