Preço da arroba do boi gordo estagna em um ano

Negociada ontem a R$ 152, conforme o IEA, cotação do mercado está R$ 4 mais baixa que no fim do primeiro semestre deste ano

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 22/12/2016
Horário 07:48


A poucos dias das festas comemorativas do fim de ano, o preço da arroba do boi gordo fechou em queda na região de Presidente Prudente. Segundo o site do IEA (Instituto Agrícola de Economia), o valor comercial ontem era cotado a R$ 152, R$ 1 mais barato que a primeira semana de dezembro e R$ 4 a menos que em comparação a junho, fechada em R$ 156, queda de 2,56%. Apesar da baixa ao longo dos meses, no mesmo período do ano passado, a cifra estava fixada no mesmo valor, o que aponta estagnação no mercado agropecuário. Para o presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antônio Nabhan Garcia, a situação é de uma "crise financeira gravíssima".Jornal O Imparcial

Segundo Nabhan, o valor comercial não leva em conta o custo de produção agrícola. "Estamos em um momento em que houve alta em tudo, da alimentação até aparelhos para lida com o gado. Nisso, o pecuarista fica sem saída", pontua. "Por mais que ele tente vender num valor acima do cotado, não há resultados positivos. As portas se fecham e logo ele vê a necessidade de abaixar o preço", acrescenta. Para ele, o valor mínimo da arroba do boi gordo deveria ser de R$ 200.

O diretor técnico do EDR (Escritório de Desenvolvimento Agrícola) de Presidente Prudente, João Menezes, avalia a situação como uma crise de consumo. "No campo, falta gado, o que significa alta na arroba. Porém, não há consumo. Desta forma, impossibilita o produtor de elevar os preços", explana. Para João, não existe uma melhora prevista em curto prazo. "O papel do EDR, juntamente à Cati , tem sido orientar o pecuarista, no sentido de intensificar a criação do gado através da alimentação com pastagem, o que possui um custo menor", completa.

Mesmo que os números não agradem os produtores rurais, a previsão é de mais queda, sobretudo no comércio. De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carne do Oeste Paulista, Jesuíno Paiva Cavalcante, a tendência para que os preços fiquem cada vez mais baixos, até as vésperas do Natal e ano-novo, é evidente. "O valor comercializado no cenário atual é motivado pelas perdas na exportação que o comércio agropecuário sofreu ao longo do ano. A crise econômica que se instalou no país, de modo geral, repercutiu em todos os meios comerciais. É normal que os valores estejam mais baixos nesta época do ano, porém, mais do que nunca, a previsão é de um valor comercial mais baixo ainda", afirma.

Ainda de acordo com Jesuíno, este é o momento no qual o produtor rural não pode segurar o gado na espera de melhorias. "No meio do ano, entre os meses de maio e junho, a cotação da arroba podia ser encontrada a R$ 156. A comercialização fechada neste preço foi direcionada pela não perspectiva de melhorias no decorrer dos meses". O sindicalista ainda diz que a situação é negativa para o agropecuário e positiva para o consumidor, uma vez que o preço da carne tende a cair.

 

Ao consumidor

Mesmo com uma repercussão boa para quem compra o produto nos supermercados e açougues, conforme indicado pelo Sindicato do Comércio Varejista de Carne do Oeste Paulista, há quem não sinta esse reflexo. Segundo o médico veterinário, José Luiz Servantes, 56 anos, o preço do corte bovino continua em alta. "Eu compro carne semanalmente, ou seja, estou sempre verificando os valores. Ainda não foi possível perceber uma melhora. Mas, apesar de tudo, nesta época do ano, procuro sempre estocar para as comemorações futuras, por receio de que subam ainda mais", relata.

Na contramão, a aposentada Regina Chammé, 63 anos, notou uma variação boa nos preços. À reportagem, Regina informou que consome pouca carne bovina durante a semana, mas, ultimamente, encontrou a mercadoria mais em conta. "Ainda está caro, mas com pesquisa é possível identificar valores mais em conta", comenta.

 
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