Prudentina que vive na Turquia fala sobre terremoto no país

Andy Santos, de 29 anos, está fora da área devastada pelo sismo, mas relata ter sentido os tremores registrados na madrugada de segunda; jovem destaca solidariedade do povo turco nesse momento

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 07/02/2023
Horário 18:20
Foto: Cedida
Nascida em Prudente, empresária Andy Santos toca negócio na Turquia
Nascida em Prudente, empresária Andy Santos toca negócio na Turquia

Nascida em Presidente Prudente, a empresária Andy Santos, de 29 anos, acompanha e contribui com as ações humanitárias para atender a população afetada pelo terremoto de magnitude 7,8, que causou mais de 6,3 mil mortes no sudeste da Turquia e no norte da Síria. A jovem reside na província de Nevşehir, localizada na região da Anatólia Central, que se estende pelo território turco, bem no meio do país. Apesar de seu apartamento estar a aproximadamente 450 km da área devastada pelo sismo, ela sentiu aquilo que chama de “fim da onda” enquanto dormia na madrugada dessa segunda-feira.

“Despertei por volta das 4h20 da manhã e achei que estava sonhando, porque sei que a região onde moro não registra terremotos. Naquele momento, eu escutava alguns barulhos, como porta estralando e cama balançando. Acendi a luz e vi que o lustre estava mexendo, então entendi que era um terremoto”, relata. Andy explica que a população é aconselhada, em tais circunstâncias, a ficar onde está, se afastar de janelas e permanecer sob móveis. “Assim que terminaram os efeitos, comecei a me vestir para sair, mas, cerca de cinco minutos depois, ocorreu o segundo. Continuei parada no meu quarto, que é o lugar mais seguro da casa, num misto de confusão e tentando agir da maneira como somos orientados”, conta.

Enquanto isso, Andy tentava obter mais informações sobre o que acontecia. Com o celular em mãos, buscou nas redes sociais alguma menção por parte do governo turco. “Alguns minutos depois, começaram a aparecer pessoas da minha cidade nas redes perguntando o que tinha acontecido”, afirma a jovem sobre o pânico inicial. Imediatamente, ela verificou como estava a mãe, que mora em um prédio localizado no mesmo endereço. “Depois, voltei a dormir, mas no dia seguinte sentimos outro terremoto por volta das 13h. Dessa vez, percebi que queria sair do meu apartamento. Tirei todas as minhas coisas o mais rápido possível e fui passar a noite na casa da minha mãe”, aponta.

Foto: Arquivo pessoal - Morando na Turquia, Andy falou com a reportagem de O Imparcial

Estado de emergência

Questionada sobre o que tem visto enquanto residente daquele país, a empresária destaca que, em termos práticos, o governo turco declarou estado de emergência, o que significa que a nação pede ajuda internacional para lidar com os desastres. “No entanto, a vida continua em outros lugares. Apesar de a Turquia parecer um país pequeno no mapa, as dimensões são grandes. Na área sem impacto, as lojas e os mercados estão abertos”, denota.

Isso não significa que a população distante da região afetada esteja desmobilizada. Andy diz que há muito empenho por parte dos moradores para assegurar ajuda aos sobreviventes. “Inclusive, já fizemos doações. Meus amigos e eu enviamos roupas e mantimentos para os resgatados. Há muitas pessoas realizando destinações por meio das mesquitas de suas cidades e mandando veículos para as áreas afetadas”, ressalta.

A empresária enfatiza que o país está aberto para doações internacionais e indica dois órgãos oficiais para isso. O primeiro é o Afad (en.afad.gov.tr), órgão do Ministério do Interior voltado a lidar com desastres e emergências. O segundo é a Akut (akut.org.tr/en), uma associação que presta auxílio no resgate às pessoas. Segundo Andy, as pessoas que estão fora do país podem acessar as páginas pela internet e efetuar suas doações por meio de cartão de crédito.

A jovem lamenta que a situação ocorra em um período complicado para o país, que enfrenta um inverno rigoroso e agressivo. “O mês de fevereiro é marcado por muito frio e neve em algumas regiões e isso acaba dificultando o processo de auxílio aos sobreviventes. Mas a Turquia é um país que já passou por muita coisa – é uma cultura milenar. É um território que costuma enfrentar esse tipo de situação, pois estamos sobre placas tectônicas, então, tremores acontecem todos os anos, embora não nesta proporção. É o segundo maior da história do país desde 1939”, expõe.

Foto: Getty Images - Terremoto de magnitude 7,8 foi registrado nessa segunda-feira

Admiração pelo país

Andy espera que o evento não desestimule as pessoas a viajarem para conhecer a Turquia e sua rica cultura e acredita que esse momento prova o quanto os turcos são solidários e humanos. “Temos visto que a maioria da população está tomando atitudes práticas. Há tantos se voluntariando a ponto de o governo afirmar que em alguns pontos há gente suficiente. Há pessoas que conheço se alistando para oferecer serviços de atendimento e resgate caso sejam necessários. Isso deixa evidente como se trata de um povo patriota, unido e que se protege”, avalia.

A empresária está há mais de uma década na Turquia e chegou ao país para ficar próxima da mãe, do padrasto e do irmão. Ela, que cresceu entre Prudente e Presidente Epitácio, destaca que a nação que abraçou faz parte da sua origem e carrega suas raízes. É lá que toca uma empresa de turismo, por meio da qual recebe brasileiros e pessoas de todo o mundo. Agora, a prudentina carrega a esperança de ver o país que a acolheu se reconstruir do triste episódio.

Foto: Cedida - Andy se mudou para a Turquia para ficar perto da família

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