Nascida em Presidente Prudente, a empresária Andy Santos, de 29 anos, acompanha e contribui com as ações humanitárias para atender a população afetada pelo terremoto de magnitude 7,8, que causou mais de 6,3 mil mortes no sudeste da Turquia e no norte da Síria. A jovem reside na província de Nevşehir, localizada na região da Anatólia Central, que se estende pelo território turco, bem no meio do país. Apesar de seu apartamento estar a aproximadamente 450 km da área devastada pelo sismo, ela sentiu aquilo que chama de “fim da onda” enquanto dormia na madrugada dessa segunda-feira.
“Despertei por volta das 4h20 da manhã e achei que estava sonhando, porque sei que a região onde moro não registra terremotos. Naquele momento, eu escutava alguns barulhos, como porta estralando e cama balançando. Acendi a luz e vi que o lustre estava mexendo, então entendi que era um terremoto”, relata. Andy explica que a população é aconselhada, em tais circunstâncias, a ficar onde está, se afastar de janelas e permanecer sob móveis. “Assim que terminaram os efeitos, comecei a me vestir para sair, mas, cerca de cinco minutos depois, ocorreu o segundo. Continuei parada no meu quarto, que é o lugar mais seguro da casa, num misto de confusão e tentando agir da maneira como somos orientados”, conta.
Enquanto isso, Andy tentava obter mais informações sobre o que acontecia. Com o celular em mãos, buscou nas redes sociais alguma menção por parte do governo turco. “Alguns minutos depois, começaram a aparecer pessoas da minha cidade nas redes perguntando o que tinha acontecido”, afirma a jovem sobre o pânico inicial. Imediatamente, ela verificou como estava a mãe, que mora em um prédio localizado no mesmo endereço. “Depois, voltei a dormir, mas no dia seguinte sentimos outro terremoto por volta das 13h. Dessa vez, percebi que queria sair do meu apartamento. Tirei todas as minhas coisas o mais rápido possível e fui passar a noite na casa da minha mãe”, aponta.
Foto: Arquivo pessoal - Morando na Turquia, Andy falou com a reportagem de O Imparcial
Questionada sobre o que tem visto enquanto residente daquele país, a empresária destaca que, em termos práticos, o governo turco declarou estado de emergência, o que significa que a nação pede ajuda internacional para lidar com os desastres. “No entanto, a vida continua em outros lugares. Apesar de a Turquia parecer um país pequeno no mapa, as dimensões são grandes. Na área sem impacto, as lojas e os mercados estão abertos”, denota.
Isso não significa que a população distante da região afetada esteja desmobilizada. Andy diz que há muito empenho por parte dos moradores para assegurar ajuda aos sobreviventes. “Inclusive, já fizemos doações. Meus amigos e eu enviamos roupas e mantimentos para os resgatados. Há muitas pessoas realizando destinações por meio das mesquitas de suas cidades e mandando veículos para as áreas afetadas”, ressalta.
A empresária enfatiza que o país está aberto para doações internacionais e indica dois órgãos oficiais para isso. O primeiro é o Afad (en.afad.gov.tr), órgão do Ministério do Interior voltado a lidar com desastres e emergências. O segundo é a Akut (akut.org.tr/en), uma associação que presta auxílio no resgate às pessoas. Segundo Andy, as pessoas que estão fora do país podem acessar as páginas pela internet e efetuar suas doações por meio de cartão de crédito.
A jovem lamenta que a situação ocorra em um período complicado para o país, que enfrenta um inverno rigoroso e agressivo. “O mês de fevereiro é marcado por muito frio e neve em algumas regiões e isso acaba dificultando o processo de auxílio aos sobreviventes. Mas a Turquia é um país que já passou por muita coisa – é uma cultura milenar. É um território que costuma enfrentar esse tipo de situação, pois estamos sobre placas tectônicas, então, tremores acontecem todos os anos, embora não nesta proporção. É o segundo maior da história do país desde 1939”, expõe.
Foto: Getty Images - Terremoto de magnitude 7,8 foi registrado nessa segunda-feira
Andy espera que o evento não desestimule as pessoas a viajarem para conhecer a Turquia e sua rica cultura e acredita que esse momento prova o quanto os turcos são solidários e humanos. “Temos visto que a maioria da população está tomando atitudes práticas. Há tantos se voluntariando a ponto de o governo afirmar que em alguns pontos há gente suficiente. Há pessoas que conheço se alistando para oferecer serviços de atendimento e resgate caso sejam necessários. Isso deixa evidente como se trata de um povo patriota, unido e que se protege”, avalia.
A empresária está há mais de uma década na Turquia e chegou ao país para ficar próxima da mãe, do padrasto e do irmão. Ela, que cresceu entre Prudente e Presidente Epitácio, destaca que a nação que abraçou faz parte da sua origem e carrega suas raízes. É lá que toca uma empresa de turismo, por meio da qual recebe brasileiros e pessoas de todo o mundo. Agora, a prudentina carrega a esperança de ver o país que a acolheu se reconstruir do triste episódio.
Foto: Cedida - Andy se mudou para a Turquia para ficar perto da família