Desde 1983, como conselheiro e desde 1990 como presidente da Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente), Ricardo Anderson Ribeiro fala da história da entidade, neste dia que ela completa 93 anos de existência, ressalta a função da Associação perante aos empresários e sociedade prudentina e descreve o momento difícil que o comércio enfrenta com a pandemia.
Entidade civil sem fins lucrativos, que luta pela representatividade do empresariado junto aos poderes públicos, a Acipp completa 93 anos disponibilizando a milhares de empresas associadas ampla gama de produtos e serviços. E além de atender seus associados, estende sua atuação à população, com a promoção e apoio a múltiplos projetos de grande valor social.
O Imparcial: Quando e como nasceu a Acipp?
Ricardo: Nasceu em 26 junho de 1927. Na época havia muita questão de terras, o desbravamento do interior, tinha o pessoal que fazia a colonização.
Os coronéis Marcondes e Goulart fizeram os loteamentos, mas também tinham muitos grileiros.
A Associação foi fundada em base a uma proteção das pessoas que defendiam a posse das terras, o nosso comércio era muito incipiente, se vivia ainda de agricultura, o pessoal vinha para plantar.
Começou assim, na época já existia a Associação Comercial de São Paulo, já existiam outras entidades. Então, inspirada nas associações comerciais para a defesa dos empresários, foi fundada, aqui em Prudente, a Acipp, quando a cidade tinha quase 10 anos de idade. A Associação faz 93 anos e o município vai fazer 103 em setembro.
A Acipp acompanhou todo o crescimento e desenvolvimento da cidade e participou efetivamente. As reuniões eram semanais e participavam os principais nomes daqui. E ainda hoje, nós continuamos fazendo o nosso trabalho.
Qual trabalho a Associação desempenha?
O principal foco da entidade, que vem há muito, tempo é atender o micro e pequeno empresário, que é aquele empresário que mais gera emprego e renda, hoje cerca de 99% são pequenas empresas, é esse o nosso público alvo. Nós temos uma federação e uma confederação das associações comerciais, a Facesp [Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo] e a CACB [Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil] que faz o trabalho político da entidade.
Então, existe o trabalho local que é feito pela Associação Comercial, junto ao município, e a alguns conselhos e também o trabalho que ela faz de apoio às empresas, elevando o sistema de informação. No custo-benefício, o empresário sai, realmente, satisfeito.
Como está estruturada a diretoria da entidade?
Desde o começo do ano, nós estamos reformulando toda a Associação, a começar por seu estatuto, até suas dependências. Hoje a governança da Acipp é através de um conselho deliberativo de 11 conselheiros, um conselho consultivo de 20 conselheiros, uma diretoria executiva que responde ao conselho deliberativo de três diretores que executam o planejamento estratégico, uma forma de governo do terceiro setor . No estatuto, nesse ano, enquadramos a entidade nesse novo modelo, que é um modelo mais cooperativista que é uma forma boa de gestão, que você democratiza o poder, no mesmo tempo você tem uma transparência e um controle das ações.
Preparam novidades para a Acipp?
A Associação tem o pensamento, primeiro, de inovação tecnológica. Nós vamos entregar esse ano um coworking para os empresários que necessitam de um espaço, que está sendo feito no subsolo.
A gente tem, também, o memorial e estamos pretendendo lançar um livro, que talvez saia nos 95 anos da entidade, que é um compilado de toda a história da Associação.
Uma linha do tempo dos principais fatos da entidade desde 1927.
Dentro desse processo de inovação nós estamos convidando a Intepp [Incubadora Tecnológica de Presidente Prudente], e a Polo In, que é a Associação das Empresas de Software, e estamos cedendo uma sala para cada uma no coworking. Você tem que olhar o futuro, o que está acontecendo, não porque você vai esquecer o passado, mas as coisas mudam muito rápido e você tem que acompanhar.
Apesar de a entidade ter seus 93 anos, ela se moderniza na sua mentalidade.
Com a pandemia a Associação passa por sua pior fase?
O governo do Estado por desconhecimento do tema, que também ninguém conhecia, que é o novo coronavírus, tomou medidas de fechamento do comércio muito cedo, apesar de nós termos começado a gritar, também muito cedo, que aqui não tinha nenhum caso, a nossa região estava muito calma, tranquila e nós tínhamos um sistema de saúde com leitos sobrando. O governo não se sensibilizou.
Nossas empresas são todas pequenas, nós não temos “gordura para queimar”, para ficar aí tanto tempo fechados.
Eu, como vice-presidente da Facesp, participava de reuniões por videoconferência, semanalmente, com o governo, Prudente sempre esteve representada em São Paulo. Aqui, nós tentamos mostrar ao prefeito a necessidade de abrir o comércio, infelizmente o Supremo [Tribunal Federal] definiu que o governador é quem manda, os prefeitos ficam subordinados. Mesmo os prefeitos querendo a abertura, não tinha como sair dessa situação.
O governo fez o Plano São Paulo, que eu acho muito bem elaborado. Se o governo estivesse com esse Plano na mão, a gente poderia ter ficado abertos 45 dias lá para trás, fechou muito cedo. Poderíamos estar fechando agora ou há 15 dias, nós ficamos 90 dias fechados.
O momento que nós estamos passando é muito difícil, a entidade briga para ter crédito, mas o dinheiro não chega na ponta.
Não pode aglomerar nas lojas, mas você vê as lotéricas lotadas, bancos com filas enormes, ônibus cheios. Com isso o empresário pensa, porque que eu não posso atender de dois em dois ou três em três, essa é a revolta do empresário.
Ficamos parados 90 dias para achatar a curva e equipar os hospitais. Quantos equipamentos nós recebemos nesses 90 dias? Poucos. Não podemos ser penalizados se o governo não conseguiu fazer a parte dele. Agora nós estamos numa fase bem difícil, está morrendo gente e está morrendo empresa.
Para o Senhor como será a recuperação do comércio pós pandemia? Como ficará a situação das empresas?
Muita gente já desistiu, não deu para renegociar aluguel, outras contas, já desistiram no meio do caminho.
O pós-pandemia não vai ser fácil. 2020 já foi! O que temos que tentar é recuperar alguma coisa para pegar O 2021e dar uma arrancada numa situação já melhor.
Apesar de a entidade ter seus 93 anos, ela se moderniza na sua mentalidade
Ricardo Anderson Ribeiro
Fotos: Cedidas
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No início dos anos 2000, sede da Acipp abriga este novo serviço para os associados
Celebração pelos 80 anos da Associação Comercial, o que ocorreu há 13 anos
Assinatura do Protocolo de Cooperação, entre Acipp e Consulado Português
Na celebração dos 90 anos, os ex-presidentes Claudinê Amorim, Renato S. Silva e Kazuo Fukuhara com o presidente Ricardo A. Ribeiro (terceiro, da esq. para a direita)
Weverson Nascimento
Entidade prepara agora sua incursão no mundo da inovação com a breve inauguração de um coworking