Saldo da balança comercial da região cai 26%

No início do ano, o diretor atentava que o país perde mercado “constantemente" em suas commodities – mercadorias de baixo valor agregado, como frutas, legumes e alguns metais – exportados em grande escala.

REGIÃO - Mariane Gaspareto

Data 25/03/2015
Horário 07:53
 

O saldo da balança comercial da região de Presidente Prudente registrou uma queda de 26,7% no primeiro bimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2014. Mesmo exportando 14 vezes mais do que importou e mantendo o saldo (valor das exportações menos as importações) positivo, o desempenho regional foi inferior, com uma perda de quase US$ 35 milhões - passando de US$ 114.424.171 para US$ 79.481.288.

Conforme os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em janeiro e fevereiro, 18 municípios regionais somaram US$ 85.371.179 em exportações, 25,3% a menos do que a quantia dos mesmos meses do ano passado (US$ 114.424.171). Já as importações tiveram um pequeno aumento, de 0,6% no período, indo de US$ 5.852.802 para US$ 5.889.891.

Como já informado pelo diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Wadir Olivetti Júnior, o alto custo do Brasil, com muitos impostos, taxa de juros e encargos trabalhistas que atrapalham até a exportação do produto, impede a comercialização dos itens. No início do ano, o diretor atentava que o país perde mercado "constantemente" em suas commodities – mercadorias de baixo valor agregado, como frutas, legumes e alguns metais – exportados em grande escala.

O conselheiro do Ciesp, Fernando Rodrigues Carballal, por sua vez, acrescenta que algo que também influencia no saldo da balança é o valor do dólar, que tem oscilado com frequência neste ano. "Estamos em uma fase instável dessa moeda e isso acaba afetando a confiança do investidor, tanto na compra de produtos de fora quanto no aumento da produção para exportar itens", diz.

 

Cana-de-açúcar

O conselheiro lembra ainda que a crise enfrentada pelo setor sucroalcooleiro afeta as cidades que exportam açúcar ou álcool. "Em 2013, a Índia passou por uma seca e não pode abastecer o mercado internacional, então, ocorreu uma demanda maior, que foi suprida em parte pelo Brasil. No ano passado, as exportações já diminuíram pela regularização da situação climática, e as dificuldades do setor no país acabaram minando ainda mais a capacidade de exportar", explica. Por conta disso, segundo Carballal, as áreas de plantio e as produções das usinas não aumentam.
Teodoro Sampaio está entre as cidades cujas exportações dependem das usinas de cana-de-açúcar. Em janeiro, o município teve um aumento significativo em seu saldo comercial, que saltou de US$ 6.394.330 em 2014 para US$ 14.821.809 em 2015. Todavia, na época, o prefeito Ailton Cesar Herling (PSB) informou que a razão do acréscimo seria uma extensão na produção da unidade Alcídia da Odebrechet, localizada na cidade, no primeiro mês do ano, visando uma hibernação da usina nos meses seguintes.

Com a concretização da medida, em fevereiro, a balança ficou estagnada e não ocorreram novas exportações. De acordo com o chefe do Executivo, para não influenciar negativamente o orçamento municipal, por conta da queda na arrecadação durante este ano, a municipalidade tentará fortalecer o setor cerâmico e a agricultura familiar, como alternativas para 2015. "Com nossos recursos, garantiremos os serviços básicos e essenciais para a população, mas com a hibernação da Alcídia, a possibilidade de investimento fica praticamente eliminada", lamenta.
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