Trabalhadores rurais fazem protesto no Itesp

Cerca de 100 manifestantes estiveram na unidade do órgão, em Venceslau, exigindo inclusão de seus nomes em lista por lotes

REGIÃO - BRUNO SAIA

Data 02/09/2016
Horário 11:05
 

"Estamos acampados há quase cinco anos, embaixo de lona preta, tomando banho frio, comendo à luz de velas, e não conseguimos nada, enquanto tem um pessoal que fica em casa, toma banho quente, com fogão e todo o conforto e ganha um pedaço de terra". O relato é do trabalhador rural José Zacarias da Silva, 56 anos, e resume a demanda do grupo que protestou na manhã de ontem, em frente à unidade do Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo), em Presidente Venceslau.

Cerca de 100 pessoas que fazem parte de um acampamento, em Marabá Paulista, estiveram no local protestando contra a lista publicada na terça-feira pelo órgão estadual, na qual constam 84 nomes que estariam aptos a receber um dos 42 lotes que foram disponibilizados após a desapropriação da Fazenda Floresta, que fica em Marabá (os outros 42 nomes, completando os 84, são suplentes e também podem receber os lotes).

Jornal O Imparcial Grupo que faz parte de acampamento, em Marabá, esteve ontem no Itesp, em Venceslau

"Só dez pessoas do nosso acampamento estão com os nomes nessa lista, que tem um monte de gente de fora do município e até de outros Estados, como Paraná, Sergipe e Mato Grosso", conta Débora Cristiane Firma, 43 anos, que é uma das acampadas. "Hoje , nós entregamos ao Itesp uma lista com os 96 nomes de quem está acampado, para que sejam incluídos na próxima distribuição dos lotes que devem sair da Fazenda Nazaré", completa.

O responsável técnico do Itesp de Venceslau, Gilberto Ferrari, que recebeu o documento encaminhado pelos trabalhadores, afirma que uma Comissão de Seleção Pública é que determina, a partir de "critérios técnicos", quem irá entrar nas listas pelos lotes. "O fato de estar acampado não garante que o nome seja incluído e nós temos que acatar o que a comissão definiu", explica.

 

Sonho pela terra

"Moro no acampamento com minha esposa e meus filhos pequenos", diz José de Paula Santos, 58 anos, que passou toda sua vida na zona rural. "Eu trabalhava na roça, era boia fria, cortava cana e também plantava batatinha, cuidava do gado, mas nunca tive uma terra minha. E minha vontade é trabalhar no meu próprio sítio, ver as plantas crescendo. Coragem e força para trabalhar eu tenho muita, graças a Deus", afirma.

"Tudo que eu quero é poder criar minha vaquinha, minhas galinhas, meu sonho é esse", conta José Zacarias. "Nem precisa ser muita, mas eu gostaria muito de ter meu pedaço de terra e, se Deus quiser, vai dar certo sim", acredita.

 

Seleção pública

Em nota encaminhada por sua Assessoria de Imprensa, o Itesp informa que a primeira lista foi publicada na terça-feira, no Diário Oficial do Estado e, "no prazo de 10 dias da data da sua divulgação poderá ser interposto recurso fundamentado e com documentos comprobatórios que apontem eventuais inconsistências nas pontuações dos candidatos classificados". Ainda segundo o órgão, o acesso ao lote se dá por meio da Comissão de Seleção Pública instalada no município e os critérios de pontuação foram fixados pela comissão com base na legislação. "A comissão é composta por representantes do Itesp, da Câmara Municipal, da Prefeitura, da Casa da Agricultura, do Cedaf-SP , além de dois representantes da sociedade civil", destaca o texto.

 
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