Tradicional Folia de Reis é barrada pela Covid-19

Cia de Reis do Ribeirão Bonito, de Iepê e Cia de Reis Agissê, de Rancharia, não saem pelo segundo ano consecutivo; Folia de Santos Reis, de Ribeirão dos Índios, fará uma festinha

VARIEDADES - DA REDAÇÃO

Data 05/01/2022
Horário 08:45
Foto: Cedida
Cia de Reis do bairro Ribeirão Bonito de Iepê: mais de 40 anos de tradição
Cia de Reis do bairro Ribeirão Bonito de Iepê: mais de 40 anos de tradição

Tradição de fé e devoção. Esta normalmente é a definição que os membros que integram grupos de Folia de Reis fazem deste evento de cunho religioso dos católicos. Celebrada no dia 6 de janeiro, infelizmente muitos não farão a tradicional festa de Santo Reis por conta da Covid-19. Como é o caso da Cia de Reis do bairro do Ribeirão Bonito do município de Iepê, atuante há mais de 40 anos. E a Cia de Reis Agissê, de Rancharia, que tem 19 anos de história.
Lúcio Braga de Oliveira Monteiro, ou apenas Lúcio Viola, que é um dos integrantes do grupo de Iepê desde os seus 17 anos de idade, lamenta profundamente pela bandeira não poder percorrer pelo segundo ano os bairros rurais e da cidade também, levando como sempre uma mensagem de fé.
“Infelizmente não é só em razão da pandemia, já estava perdendo força fazia um tempo com os integrantes mais velhos deixando a folia, uns por saúde outros porque morreram. Se falha um ano desmotiva mais gente de participar. Sem contar a falta de apoio dos órgãos públicos, restrição religiosa por conta de muitas pessoas. Enquanto isso, estão acontecendo outras festas, reuniões, ou seja, eventos cheios de gente”, destaca o folião.
Lúcio frisa que na verdade “acharam motivos pra não deixar sair a folia”. “Fim de ano agora fizeram um show na praça com mais de 2 mil pessoas sem qualquer cuidado. É a hipocrisia que fala alto”, indigna-se Lúcio Viola. 

Folclórica, cultural e, sobretudo, religiosa

Pelo segundo ano também, a Cia de Santos Reis de Agissê, hoje composta por cerca de 20 pessoas (adultos, jovens e crianças), não terá a sua festa em 2022. Conforme Joemar Amaro Garcia dos Reis, 37 anos, o grupo prefere esperar até o próximo ano. Ele destaca que todo ano, na época do Natal, saem de casa em casa visitando as famílias da comunidade. E no dia 6 de janeiro, seja qual dia da semana for, fazem a “Chegada da Bandeira”, rezam a oração do santo terço e depois se confraternizam “com uma janta”, que é oferecida gratuitamente a todos os presentes, com os donativos arrecadados nos dias em que visitaram as famílias.
Ele ressalta que a Festa de Santos Reis tem importância folclórica/cultural, mas para o grupo é muito mais religiosa. “Levamos de forma simples a mensagem de que Deus se fez pequeno, se encarnou, veio ao nosso encontro para nos salvar. É uma tradição muito antiga e bonita que de maneira simples tentamos manter, uma forma de o povo simples evangelizar com cantorias e brincadeiras”, expõe Joemar.
Embora em 2021, e agora, não tenham saído com a bandeira para visitar as famílias como de costume, devido à pandemia, amanhã, somente os foliões se reunirão na capela para rezarem o terço e louvarem o presépio. “Sem ninguém nos assistir e sem a festa, mas cumpriremos de alguma forma a nossa devoção. E se Deus permitir, no próximo ano voltaremos ao normal. É difícil não fazer as nossas visitas, não realizar a festa, mas em nossas orações, mesmo somente os foliões, rezamos por toda nossa comunidade e pela situação atual do mundo”, enfatiza Joemar. 

Devoção e fé em Jesus Cristo

Embora em menor proporção, Ribeirão dos Índios manterá a tradição e o grupo Folia de Santos Reis fará uma festinha, segundo o presidente Donizetti Magro, 59 anos. Ele diz que saíram em peregrinação com a bandeira e visitaram poucas casas abençoando-as. Mas a festa que era sempre para mais ou menos 3 mil pessoas, este ano foi reduzida pela metade e seguindo todos os protocolos de segurança contra a Covid.
“No dia 6 teremos a missa às 19h, onde tocaremos na celebração e adoraremos ao presépio. E no dia 15, será nossa confraternização com convidados da nossa cidade servindo pãezinhos com carne moída e refrigerante, no lugar do nosso tradicional churrasco”, informa Donizetti.
Ele frisa que essa festa tem todo um tocante religioso e na missa, por exemplo, o padre explica tudo sobre a viagem que os três reis magos Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, da Índia; e Baltazar, da Arábia, fizeram para visitar e presentear o Menino Jesus. “E é isso que a bandeira simboliza quando vai de casa em casa: os três reis magos viajando para poder visitar o nosso Menino Jesus. E por isso a gente luta para não deixar acabar. O pessoal gosta, faz alguns pedidos a Jesus Salvador para abençoar suas famílias”, expõe Donizetti, presidente do grupo há 15 anos.
 
SAIBA MAIS
Em 6 de janeiro, celebra-se em muitos países a epifania, palavra esta que significa “manifestação”. Data em que os católicos também chamam de Festa de Santo Reis ou Folia de Reis, relembrando os três reis magos, Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, da Índia; e Baltazar, da Arábia. Segundo relatos, estes três homens fizeram uma longa viagem para presentearem o recém-nascido, menino Jesus. Então, seguindo o costume, neste dia, grupos de foliões se revezam em cantoria com acompanhamento de instrumentos (surdo, flauta, pandeiro, violão, sanfona) encerrando a tradicional caminhada, geralmente iniciada no dia 25 de dezembro, com grande festa.

Fotos: Cedidas

A Cia de Santos Reis de Agissê rezará o terço e adorará o presépio amanhã


Donizetti diz que a bandeira simboliza os 3 reis magos viajando para visitar o menino Jesus


 

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