Transferência de líderes deve dificultar articulação de facção

EDITORIAL -

Data 14/02/2019
Horário 04:05

Alguém certa vez disse que para haver paz uma casa precisa de leis, ordem e limites. Sem os quais se instala o caos, a desordem e a ausência de autoridade. No Estado de São Paulo, até então, era o segundo cenário que permanecia. De dentro da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, Marco Willians Herbas Camacho, Marcola, chefe da maior facção criminosa paulista que atua dentro e fora dos presídios do país, mandava e desmandava. Sem comando efetivo por parte do governo, quem controlava até então o índice de criminalidade no Estado era ele, determinando onde, quando e como poderia ou não haver crimes, e quais práticas poderiam ser realizadas. Mas ao que parece a mordomia acabou, e ele, juntamente com outros 21 integrantes da alta cúpula da organização criminosa foram despachados da região de Presidente Prudente ontem para unidades federais, onde já deveriam estar há tempos.

E é esse um dos principais objetivos descritos no pedido de transferência formulado à Justiça pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo). Os promotores argumentam que a ida dos líderes da facção para presídios federais deve dificultar a articulação da organização criminosa, dificultando que ordens cheguem a outros componentes do grupo.

Já era tempo de o governo do Estado tomar essa atitude. Afinal, como bem disse o governador João Doria (PSDB) em entrevista coletiva ontem, “o Estado não pode ser refém do crime”. É, de fato, inaceitável um Estado como São Paulo viver suscetível aos mandos e desmandos de alguém preso sobre seus próprios domínios. Por isso, o destino dado a Marcola e seus aliados traz confiança às medidas de segurança pública implantadas pelo novo governo, além de tirar um fardo pesado da população da região de Prudente, que há anos convive com tais inquilinos indesejáveis.

Para além disso, esperasse que como informado, a gestão do Estado tenha nas mangas medidas preventivas para impedir possíveis retaliações dos membros da organização criminosa por conta das transferências. O comando se foi, mas a organização conta com diversas ramificações e integrantes espalhados pelas cidades, que também precisam ser combatidos e presos, para que de fato a paz seja estabelecida no Estado.

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