Cuidar de alguém é uma tarefa nobre e, muitas vezes, desafiadora. Envolve dedicação, paciência, energia e constância. Porém, há um aspecto frequentemente negligenciado: para cuidar bem de outra pessoa, é indispensável cuidar também da própria saúde. Essa é a reflexão que a história de Daniele nos traz.
Daniele sempre colocou a família em primeiro lugar. Ao optar por se dedicar integralmente ao filho, diagnosticado com transtorno do espectro autista, renunciou a uma carreira consolidada no Direito. A rotina que assumiu é intensa: deslocamentos diários para consultas, terapias e acompanhamentos. Uma carga de responsabilidades que exigiria não apenas força de vontade, mas também equilíbrio físico e emocional.
Foi nesse contexto que Daniele percebeu: para seguir cuidando do filho com qualidade, precisaria manter a própria saúde em boas condições. Colocar-se sempre em último lugar pode parecer um gesto de amor, mas, na prática, leva ao desgaste precoce e até ao adoecimento, comprometendo a capacidade de oferecer o suporte necessário a quem mais precisa.
Ao organizar sua rotina, Daniele encontrou uma brecha em meio a tantos compromissos: o período da tarde, enquanto o filho estava na escola. Passou a dedicar esse horário à prática de exercícios, combinando treinos aeróbicos e de fortalecimento muscular, sempre respeitando seus limites e seu ritmo. Paralelamente, buscou acompanhamento nutricional, ajustando hábitos alimentares de forma realista e sustentável. Nada de dietas radicais: o foco foi reduzir excessos, equilibrar escolhas e construir uma relação mais saudável com a comida.
O acompanhamento regular e o compromisso pessoal foram decisivos. Daniele aprendeu a monitorar sua evolução, identificar ajustes necessários e, sobretudo, manter a clareza de seu propósito: ter energia e disposição para continuar presente na vida do filho. Essa clareza deu sustentação ao processo e transformou uma série de mudanças pontuais em um novo estilo de vida.
Os resultados apareceram de forma gradual e consistente. Em seis meses, eliminou dez quilos, sem recorrer a atalhos. Mais importante ainda: um ano depois, mantém o peso conquistado, com estabilidade e autonomia, mostrando que a verdadeira transformação acontece quando o cuidado com a saúde se torna parte do cotidiano.
A história de Daniele nos convida a uma reflexão mais ampla. Muitas vezes, associamos o cuidado com a saúde a um projeto estético ou a uma preocupação individual. Mas, na prática, ele tem implicações diretas na forma como desempenhamos nossos papéis mais importantes, seja como pais, mães, filhos ou profissionais.
Cuidar de si não é um ato de egoísmo. É o que permite preservar a energia, a clareza mental e a capacidade de estar presente, não apenas para nós mesmos, mas também para aqueles que dependem de nós.
O exemplo de Daniele mostra que, ao alinhar saúde com valores pessoais, é possível construir um caminho sustentável e transformador. E deixa uma pergunta importante: como cada um de nós pode reorganizar a própria vida para cuidar melhor de si e, assim, cuidar melhor dos outros?
História real, compartilhada com autorização da paciente.