Consumo frequente de salsicha, presunto e bacon eleva risco de diabetes 

OPINIÃO - Osmar Marchioto Jr.

Data 23/07/2025
Horário 04:30

Presunto no sanduíche, salsicha no cachorro-quente, bacon no café da manhã. Esses alimentos estão presentes na mesa de milhões de brasileiros e fazem parte do dia a dia em muitas culturas. Mas uma nova revisão de estudos publicada na revista Diabetology & Metabolic Syndrome reforça uma preocupação crescente: o consumo regular de carnes processadas está claramente associado a um maior risco de desenvolver diabetes tipo 2.
A pesquisa analisou 48 estudos com milhões de participantes ao redor do mundo. Os resultados mostram que, quanto maior o consumo de carne processada, maior o risco de diabetes. Especificamente, para cada 100 gramas consumidos por dia (o equivalente a cerca de duas salsichas ou quatro fatias de presunto), o risco de desenvolver diabetes tipo 2 aumenta em 24%.
Carne processada é todo produto de origem animal que passou por processos industriais como defumação, salga, cura, adição de conservantes ou outros métodos destinados a melhorar o sabor ou aumentar a durabilidade. Além dos já citados, entram nessa categoria produtos como mortadela, salame, peito de peru industrializado, hambúrguer congelado, nuggets, carne seca, carne enlatada, entre outros.
Mas por que esses alimentos aumentam o risco de diabetes? Segundo os cientistas, não se trata apenas do excesso de gordura ou calorias. Os processos industriais a que essas carnes são submetidas produzem compostos químicos que promovem inflamação crônica no organismo, alteram a microbiota intestinal e prejudicam a ação da insulina, hormônio fundamental no controle do açúcar no sangue. Além disso, o alto teor de sódio e nitratos também contribui para o desequilíbrio metabólico.
O diabetes tipo 2 é uma das doenças crônicas mais prevalentes do mundo. Está associado a complicações como infarto, derrame, perda da visão e insuficiência renal.
É importante destacar que não se trata de demonizar alimentos, mas de entender seus impactos. Comer uma fatia de presunto ocasionalmente não vai causar diabetes, mas o consumo frequente, inserido em uma rotina alimentar pobre em vegetais, fibras e alimentos frescos, pode sim contribuir para o surgimento da doença. E isso é especialmente relevante em um cenário em que a alimentação ultraprocessada cresce cada vez mais, impulsionada pela conveniência, publicidade e baixo custo.
Substituir carnes processadas por opções mais naturais é um passo efetivo na direção da prevenção. Ovos, leguminosas (como feijão e lentilha), castanhas, peixes frescos e frango preparado em casa são alternativas mais saudáveis. Pequenas mudanças na rotina têm o potencial de gerar grandes resultados no longo prazo. A redução do consumo desses produtos não exige dietas restritivas ou soluções radicais, mas sim informação, planejamento e um olhar mais crítico sobre o que colocamos no prato.
Para profissionais de saúde, educadores e responsáveis por políticas públicas, esse estudo reforça a importância de campanhas educativas em relação aos alimentos ultraprocessados. E, para cada um de nós, consumidores, traz uma mensagem simples e clara: quanto menos carne processada no prato, menor o risco de diabetes no futuro e todas as suas complicações.
 

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