Estudo com 544 parturientes da região revela que 9% não tomaram qualquer vacina durante gravidez

Pesquisa foi conduzida pelo médico ginecologista e obstetra Luís Antônio Gilberti Panucci ao longo de nove meses, de agosto de 2022 a abril de 2023

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 24/08/2023
Horário 13:09
Foto: Homéro Ferreira
Panucci atua no Hospital Estadual, onde são realizados cerca de 180 partos por mês
Panucci atua no Hospital Estadual, onde são realizados cerca de 180 partos por mês

Uma pesquisa realizada com 544 parturientes de 45 municípios da região de Presidente Prudente constatou que 9% não tomaram nenhuma vacina na gestação.

No cartão da gestante, a vacinação está entre as informações do pré-natal, que segue protocolo de monitoramento da saúde da mãe e do bebê. Diante do fato do recém-nascido não ter um sistema imunológico completo, o médico ginecologista e obstetra Luís Antônio Gilberti Panucci decidiu pesquisar sobre a vacinação de gestante durante nove meses, de agosto de 2022 a abril de 2023.

A pesquisa foi desenvolvida junto ao Programa de Mestrado em Ciências da Saúde, vinculado à PRPPG (Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação) da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), com a orientação do médico infectologista Luiz Euribel Prestes Carneiro; coorientação do estatístico Edilson Ferreira Flores, professor do campus da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) em Prudente; e colaboração em iniciação científica da estudante de Medicina da universidade, Luiza Sant'Anna Pinheiro. A avaliação de dissertação e aprovação, na manhã desta quarta-feira, deixaram evidentes a importância do estudo para o sistema regional de saúde.

Para o orientador, o estudo tem notoriedade por ser inédito, pelos resultados alcançados e pela possibilidade de publicação em revista científica de alto impacto. A avaliadora Lourdes Aparecida Zampieri D'Andrea, bióloga do IAL (Instituto Adolfo Lutz) e com expertise em várias áreas da saúde, afirmou ser uma contribuição de relevância para a saúde pública. O também avaliador Rodrigo Sala Ferro, infectologista mestre e doutor em Ciências da Saúde, destacou a importância do estudo de Luís Panucci para a atenção básica em saúde, a porta de entrada dos usuários de sistemas de saúde.

O que aponta o estudo

O estudo apresenta a história e importância da vacina desde 1347 com a Peste Negra; o histórico da vacina no Brasil; vacinas com foco no calendário das grávidas, como dTpa (difteria, tétano e coqueluche), influenza (gripe), hepatite B e Covid-19; as vacinas individuais em situações especiais e as contraindicadas; e a ideia da pesquisa com pacientes do Hospital e Maternidade Estadual Doutor Odilo Antunes de Siqueira, em Prudente, onde são realizados cerca de 180 partos por mês e atendidas parturientes de 45 municípios, que abrigam 750 mil habitantes.

Do universo pesquisado, 37% não responderam a nenhuma pergunta do questionário formulado pelo autor do estudo. Das 63% que responderam e, dentre os dados levantados, está a constatação de que 9% disseram não ter tomado nenhuma vacina na gestação. A maior cobertura vacinal tem sido nas maiores cidades do oeste paulista, que são Presidente Prudente, Dracena e Presidente Epitácio. Nas outras 42 cidades, os índices são menores. Partos em adolescentes no período do estudo tiveram o índice de 5%, menor do que se tem de registros pelo Brasil afora, sendo que, no Nordeste, alcançam 25%.

Falta informação básica

Outro dado interessante e preocupante é que, em 20% dos cartões das gestantes, não consta a idade da paciente. Dado apontado pelo autor do estudo como fundamental, inclusive por sua experiência que caminha para o 24º ano no Hospital Estadual. Gestantes com menos de 15 anos e mais de 40 têm pré-natal de alto risco.

O estudo tem o título “Cartão da gestante: avaliação da cobertura vacinal e compreensão sobre imunização em parturientes de uma maternidade pública terciária de referência em São Paulo, Brasil”.

As conclusões são de registros negligenciados no oeste paulista; baixa cobertura vacinal versus baixas anotações das vacinas; as cidades maiores tiveram maior cobertura vacinal quando comparadas com as cidades maiores; e que, apesar dos problemas elencados, a região oeste do estado de São Paulo apresenta índices de cobertura vacinal melhores que os apurados em estudos realizados nas regiões Norte e Nordeste e no Estado de Minas Gerais.

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