Uma pesquisa realizada com 544 parturientes de 45 municípios da região de Presidente Prudente constatou que 9% não tomaram nenhuma vacina na gestação.
No cartão da gestante, a vacinação está entre as informações do pré-natal, que segue protocolo de monitoramento da saúde da mãe e do bebê. Diante do fato do recém-nascido não ter um sistema imunológico completo, o médico ginecologista e obstetra Luís Antônio Gilberti Panucci decidiu pesquisar sobre a vacinação de gestante durante nove meses, de agosto de 2022 a abril de 2023.
A pesquisa foi desenvolvida junto ao Programa de Mestrado em Ciências da Saúde, vinculado à PRPPG (Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação) da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), com a orientação do médico infectologista Luiz Euribel Prestes Carneiro; coorientação do estatístico Edilson Ferreira Flores, professor do campus da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) em Prudente; e colaboração em iniciação científica da estudante de Medicina da universidade, Luiza Sant'Anna Pinheiro. A avaliação de dissertação e aprovação, na manhã desta quarta-feira, deixaram evidentes a importância do estudo para o sistema regional de saúde.
Para o orientador, o estudo tem notoriedade por ser inédito, pelos resultados alcançados e pela possibilidade de publicação em revista científica de alto impacto. A avaliadora Lourdes Aparecida Zampieri D'Andrea, bióloga do IAL (Instituto Adolfo Lutz) e com expertise em várias áreas da saúde, afirmou ser uma contribuição de relevância para a saúde pública. O também avaliador Rodrigo Sala Ferro, infectologista mestre e doutor em Ciências da Saúde, destacou a importância do estudo de Luís Panucci para a atenção básica em saúde, a porta de entrada dos usuários de sistemas de saúde.
O estudo apresenta a história e importância da vacina desde 1347 com a Peste Negra; o histórico da vacina no Brasil; vacinas com foco no calendário das grávidas, como dTpa (difteria, tétano e coqueluche), influenza (gripe), hepatite B e Covid-19; as vacinas individuais em situações especiais e as contraindicadas; e a ideia da pesquisa com pacientes do Hospital e Maternidade Estadual Doutor Odilo Antunes de Siqueira, em Prudente, onde são realizados cerca de 180 partos por mês e atendidas parturientes de 45 municípios, que abrigam 750 mil habitantes.
Do universo pesquisado, 37% não responderam a nenhuma pergunta do questionário formulado pelo autor do estudo. Das 63% que responderam e, dentre os dados levantados, está a constatação de que 9% disseram não ter tomado nenhuma vacina na gestação. A maior cobertura vacinal tem sido nas maiores cidades do oeste paulista, que são Presidente Prudente, Dracena e Presidente Epitácio. Nas outras 42 cidades, os índices são menores. Partos em adolescentes no período do estudo tiveram o índice de 5%, menor do que se tem de registros pelo Brasil afora, sendo que, no Nordeste, alcançam 25%.
Outro dado interessante e preocupante é que, em 20% dos cartões das gestantes, não consta a idade da paciente. Dado apontado pelo autor do estudo como fundamental, inclusive por sua experiência que caminha para o 24º ano no Hospital Estadual. Gestantes com menos de 15 anos e mais de 40 têm pré-natal de alto risco.
O estudo tem o título “Cartão da gestante: avaliação da cobertura vacinal e compreensão sobre imunização em parturientes de uma maternidade pública terciária de referência em São Paulo, Brasil”.
As conclusões são de registros negligenciados no oeste paulista; baixa cobertura vacinal versus baixas anotações das vacinas; as cidades maiores tiveram maior cobertura vacinal quando comparadas com as cidades maiores; e que, apesar dos problemas elencados, a região oeste do estado de São Paulo apresenta índices de cobertura vacinal melhores que os apurados em estudos realizados nas regiões Norte e Nordeste e no Estado de Minas Gerais.