Quando se fala em obesidade, muita gente pensa apenas no peso atual. Mas existe outro fator que é igualmente importante e negligenciado: o tempo que a pessoa passa com excesso de peso. Quanto maior esse tempo, maior é o impacto sobre o coração.
Uma revisão publicada na revista Cardiology and Therapy mostrou que não é apenas o excesso de peso em si que traz riscos, mas também por quanto tempo o corpo permanece nessa condição. A exposição prolongada aumenta ainda mais o risco de doenças cardiovasculares.
Para entender melhor, imagine duas pessoas com o mesmo peso. Uma ganhou peso recentemente; a outra carrega esse excesso há 15 anos. Mesmo que estejam com o mesmo número na balança, quem convive com o problema há mais tempo tem mais chances de desenvolver problemas no coração. Isso porque o organismo passa anos lidando com inflamação crônica, alterações hormonais e acúmulo de gordura nos vasos.
O histórico de peso, portanto, importa. O risco de complicações aumenta com o passar do tempo se o excesso de peso for mantido. Mesmo quem passa por oscilações, como engordar, emagrecer e voltar a engordar, também não está livre de riscos. O corpo registra cada período de sobrecarga.
Outro ponto importante é que, mesmo após perder peso, parte dos danos já pode ter sido feita, dependendo de quanto tempo se passou em condição de obesidade. Isso não significa, de forma alguma, que emagrecer não vale a pena. Pelo contrário: a perda de peso traz benefícios reais, inclusive para o coração, e é sempre bem-vinda, seja aos 30, 50 ou 80 anos. Quanto antes essa mudança vier, melhor. Mas mesmo quando acontece tardiamente, ainda é possível reduzir riscos e melhorar a qualidade de vida.
O que essa revisão reforça é que cada ano conta. E quanto mais tempo se convive com excesso de peso, maior é a chance de que a conta venha na forma de um infarto ou outros problemas graves. A boa notícia é que nunca é tarde para mudar.
Com base nessas evidências, os pesquisadores propõem uma nova forma de pensar o risco cardiovascular. Em vez de olhar apenas o peso atual, seria mais eficaz considerar também o tempo de exposição ao excesso de peso. Isso ajuda a entender o impacto sobre o sistema cardiovascular, algo que o peso isolado não revela.
Para quem se informa principalmente por redes sociais, onde muitas vezes circulam mensagens simplistas sobre emagrecimento, esse tipo de conhecimento é essencial. Obesidade não é apenas uma questão estética, e tampouco deve ser tratada com soluções milagrosas. Trata-se de um processo de desgaste que ocorre ao longo do tempo e que pode ser revertido com mudanças sustentáveis.
Se você vive com excesso de peso, vale refletir: quantos anos seu corpo já passou nessa condição? E o que você pode fazer hoje para evitar que esse tempo continue aumentando? Pequenas mudanças nos hábitos, somadas ao longo do tempo, podem fazer toda a diferença. Seu coração vai agradecer.