Nos últimos anos, uma nova geração de medicamentos como o Ozempic e o Mounjaro transformou o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. Não é exagero dizer que essas substâncias mudaram o jogo. Mas, como toda inovação, essa também trouxe novos desafios.
Ao suprimir o apetite de forma eficaz e retardar o esvaziamento gástrico, esses medicamentos realmente ajudam a comer menos, mas não necessariamente melhor. Pacientes podem perder peso rapidamente, mas, junto com ele, também perdem massa muscular, vitaminas e minerais essenciais. Além disso, efeitos colaterais como náuseas, refluxo, constipação e fadiga não são raros.
Por isso, médicos e pesquisadores têm um recado: a medicação não substitui o estilo de vida. Alimentação equilibrada e atividade física continuam sendo pilares. Agora, mais do que nunca.
Embora a perda de peso seja desejável, ela precisa acontecer de forma equilibrada. Alguns pacientes, especialmente os mais sensíveis ao efeito do medicamento, podem acabar comendo muito pouco sem perceber. Isso pode levar a déficits nutricionais, cansaço, queda de cabelo ou perda de massa muscular. Quando isso acontece, é importante ajustar a alimentação, reforçar a ingestão de proteínas e líquidos e, se necessário, reavaliar a dose da medicação.
A chave está em comer menos, mas com mais qualidade. Em vez de contar calorias obsessivamente, o importante é priorizar alimentos naturais, variados e nutritivos. Isso significa incluir mais frutas, legumes, verduras, grãos integrais, leguminosas, proteínas magras e gorduras saudáveis. E reduzir ao máximo o consumo de alimentos ultraprocessados.
Toda perda de peso, seja com dieta ou medicamentos, leva à perda de massa magra, o que inclui músculos e ossos. Estima-se que até 40% da perda com o uso desses medicamentos possa vir da massa magra. Isso pode comprometer a força, o equilíbrio e o metabolismo a longo prazo.
A boa notícia? Exercícios de força, como musculação, ajudam a preservar essa massa. O ideal é combinar atividades aeróbicas, como caminhadas, com exercícios de resistência duas a três vezes por semana, além de treinos de equilíbrio e mobilidade.
A obesidade é uma condição crônica, multifatorial e complexa. Não se trata apenas de perder peso, mas de transformar a relação com o corpo. Nesse contexto, os medicamentos que agem sobre o apetite, como o Ozempic e o Mounjaro, podem ser aliados valiosos. Mas é fundamental entender: eles não são soluções temporárias, tampouco substitutos para um estilo de vida saudável.
Essas medicações devem ser utilizadas como parte de um plano de cuidado de longo prazo, sob supervisão médica, e sempre associadas à construção de hábitos duradouros: alimentação equilibrada, atividade física regular, sono de qualidade e saúde mental em dia.
Usar esse tipo de tratamento com foco apenas estético ou como um recurso rápido para emagrecer é não só ineficaz a longo prazo, como também perigoso. O verdadeiro sucesso está em integrar a medicação a uma jornada de mudança real, com apoio profissional e consciência de que cuidar da saúde vai muito além do número na balança.