Polícia Civil ouve acusados por maus-tratos a cachorro em república universitária

Investigados afirmam que castração ocorreu para deixar o animal “mais calmo”; conforme o delegado, os rapazes reconheceram que o local não era apropriado

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 01/07/2021
Horário 13:43
Foto: Reprodução/Instagram
Polícia Civil acredita que o inquérito deverá ser finalizado nas próximas semanas
Polícia Civil acredita que o inquérito deverá ser finalizado nas próximas semanas

A Polícia Civil já ouviu três dos quatro investigados pelo crime de maus-tratos que vitimou um cachorro numa república universitária no Jardim Vale do Sol, em Presidente Prudente. Os vídeos gravados no momento da castração irregular ainda estão sendo analisados.

O delegado responsável pela investigação, Mateus Nagano da Silva, da CPJ (Central de Polícia Judiciária), afirma que também já colheu depoimentos dos policiais militares que participaram da ocorrência. O quarto indivíduo acusado, apontado como o responsável por realizar a cirurgia, deve ser ouvido nos próximos dias. 

De acordo com Nagano, os investigados relataram que o cachorro estava em estado de abandono, e que foi adotado pelo morador da república, que foi quem gravou os vídeos. Em depoimento, disseram que o cão estava “muito rebelde”, e “danificando bens do imóvel”. Conforme o trio, a atitude do animal teria motivado o dono a decidir pela castração. 

“Falaram que adotaram todos os procedimento de higiene, que sabem que o local não é adequado para fazer esse tipo de cirurgia”, explica Nagano. “Disseram que não houve a intenção de maltratar o animal, e entendem que gerou grande repercussão pelo fato de o proprietário ter gravado [a cirurgia] em tempo real e compartilhado na rede social”. 

“O dono do imóvel era o proprietário do animal. Disse que cuida de mais cachorros, e que cuida ‘muito bem’. Já os outros dois disseram que iriam para a casa participar de um churrasco, e que quando souberam [da castração] decidiram participar do evento”, afirma o delegado.

A Polícia Civil acredita que o inquérito deverá ser finalizado nas próximas semanas, e que na sequência, será encaminhado ao Fórum.

“Todos disseram que estão sofrendo inúmeras ameaças. A gente sabe que cometeram um crime, mas tem que deixar a polícia e a Justiça agir. Fazer justiça pelas próprias mãos não é o conveniente”, salienta o delegado.


Arquivo - Animal foi resgatado após vídeo viralizar nas redes sociais 

Penalidade é mais grave

Os quatro estudantes serão indiciados por maus-tratos. Conforme o artigo 32 da Lei 9.605/1998, a ação é considerada crime. De acordo com o texto, “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” prevê pena de detenção que varia de três meses a um ano, e multa.

A mesma pena é aplicada a quem realiza “experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos”.

Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas será de reclusão, de dois a cinco anos, multa e proibição da guarda. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

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