Na manhã de hoje, o prefeito de Presidente Prudente, Ed Thomas (PSB), concedeu uma entrevista coletiva em que afirmou que existe a possibilidade de rompimento de contrato com a concessionária Prudente Urbano , responsável por administrar o transporte coletivo urbano na cidade. “Isso aí é uma vergonha que não é de hoje. Eu poderia pedir desculpas à população, mas é mais do que isso, é pedir perdão. Aquilo que começou errado só poderia chegar a esse ponto que chegou, infelizmente”, disse o chefe do Executivo.
O serviço prestado pela empresa tem sido alvo de discussão por parte dos passageiros, que reclamam dos horários, quantidade de linhas e estado dos veículos, e também dos próprios funcionários, que entraram em greve devido aos atrasos salariais.
Conforme divulgado pela Semob (Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Cooperação em Segurança Pública), a concessionária alegou estar com os “cofres vazios”, o que impossibilita um acordo com os trabalhadores.
“Todas as tratativas com a empresa foram feitas, nós queremos o cumprimento do contrato, eles ganharam uma licitação, eles precisam ofertar para a população o melhor serviço”, afirma o prefeito. "Infelizmente, o transporte não é condizente com o povo de Presidente Prudente. Tudo foi feito, nós temos os relatórios, muita coisa foi pedida, nada foi atendido”, explica.
Ed Thomas ainda enfatiza sobre a questão do decreto que determina os ônibus a transportarem passageiros sentados em horários específicos.
“Fizemos o decreto pensando na não aglomeração, para não ter a contaminação, pedindo para que transporte só passageiros sentados. O que aconteceu? Simplesmente, eles não colocaram ônibus. Deixando as pessoas pelo caminho”, lamenta.
A situação foi acompanhada pela reportagem, em um vídeo em que passageiros não entraram no veículo devido aos lugares estarem lotados. O que preocupa também é o fato de que a greve dos trabalhadores colocou somente parte da frota das ruas, sendo que outra permanece na garagem da empresa Prudente Urbano.
Enquanto o acordo não é estabelecido, o prefeito pretende tomar outra medida. “Às vezes pergunta: por que essa morosidade? Pela segurança jurídica. É um contrato, é uma licitação, que precisa ser cumprido. Mas chegou a um limite. A população não tem culpa, e menos culpa tem o motorista e o cobrador. Como é que você trabalha sem receber salário? Sem colocar comida dentro da sua casa? Nós precisamos entender que a greve deles é contra a empresa, e não contra o povo de Prudente”, expõe.
“[Existe a possibilidade de rompimento de contrato?]. É claro que sim, é lógico. É difícil pedir paciência para quem está sentado esperando um ônibus, mas a gente tem que ter segurança jurídica, eu preciso ter responsabilidade jurídica com os cofres da Prefeitura. É isso que nós estamos construindo, é isso que nós faremos hoje. Será feito com segurança jurídica, amparo jurídico. Seja primeiro para a população, seja para o trabalhador da empresa, seja para a Prefeitura, seja para todos”.
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A paralisação parcial do transporte entrou hoje para o terceiro dia. Diferentemente da última greve, que ocorreu no dia 26 de maio, os ônibus circulam de maneira parcial. Nos horários de pico, foi disponibilizada 50% da frota, sendo que nos demais períodos circula somente 35% dela. Porém, ontem, os veículos atrasaram a saída da garagem, para chamar a atenção da empresa a respeito da reivindicação de atraso salarial.
“Eu acredito muito no diálogo. Nós buscamos isso desde o início, desde janeiro quando entramos, mas não fomos atendidos, ou a população não foi atendida praticamente em nada. Nós temos técnicos dentro da Semob com todos os relatórios, com tudo aquilo que já tinha acontecido o ano passado, e com o que está acontecendo nesses primeiros seis meses. É com esse embasamento que a gente vai buscar essa segurança judicial para entregar o melhor transporte para Prudente”, esclarece Ed Thomas, que ainda não estipulou um prazo para acionar a Justiça.
“É uma situação jurídica o mais rápido e o mais breve possível. Tem que ser feito, porque tudo foi esgotado, então, agora é esse amparo judicial, com o respeito a quem precisa do transporte público”.
A reportagem procurou a Prudente Urbano e ofereceu um espaço para que a empresa pudesse se manifestar a respeito do cenário vivenciado. No entanto, não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Na quinta-feira, a empresa já havia se manifestado e disse que tem agido para que os funcionários recebam seus salários, “com total transparência de acordo com suas receitas, conforme acordado em última audiência”.
“Apesar de todas as dificuldades, a empresa empenha total esforços para manter a operação do transporte coletivo municipal, serviço de caráter essencial, entanto, vivencia as dificuldades de um desequilíbrio financeiro contratual, sem medida efetiva por parte do poder público para reequilibra-lo garantindo a remuneração dos trabalhadores e o serviço aos cidadãos. Por fim, a empresa lamenta os transtornos”.
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