Prudente é 3ª cidade do Estado com maior número de casos de sífilis congênita, aponta estudo

Taxa identificada foi de 10,7 casos para mil nascidos vivos no município, quando meta da OMS é de 0,5 caso por mil nascidos vivos até 2030

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 24/09/2025
Horário 18:27
Foto: MDS
Falha no pré-natal é um dos fatores de prevalência constatados durante pesquisa
Falha no pré-natal é um dos fatores de prevalência constatados durante pesquisa

Estudo científico sobre sífilis congênita (transmissão da mãe para o filho) contribui para a busca da eliminação da transmissão da doença em Presidente Prudente e região. A constatação é de que os fatores de prevalência estão relacionados a falhas no pré-natal, diagnóstico tardio e tratamento inadequado da gestante com sífilis, conforme demonstrado na pesquisa. Prudente é o terceiro município do Estado de São Paulo com maior número de casos de sífilis congênita. A taxa identificada pelo estudo foi de 10,7 casos para 1.000 nascidos vivos no município de Prudente e de 10,5 nos municípios do GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica) 21, que corresponde à região de Prudente, no ano de 2023.

Esse assunto foi abordado e discutido na última sexta-feira, dia em que foi comemorado o aniversário de 35 anos do SUS (Sistema Único de Saúde), por médicos da USP (Universidade de São Paulo), médicos vinculados ao CRT-SP (Centro de Referência e Treinamento em ISTs/aids) e da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), em seu campus 2, em Prudente.

O fato ocorreu durante a defesa da tese da médica infectologista pediátrica Patrícia Rodrigues Naufal Spir, avaliada e aprovada para receber o título de doutora junto ao PPGMadre (Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional). O orientador foi o professor pesquisador Luiz Euribel Prestes Carneiro. Já a coorientadora, Daniela Vanessa Moris de Oliveira.

O estudo foi sobre sífilis em gestante e sífilis congênita.  A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível, curável e de notificação compulsória no Brasil. Apresenta implicações graves quando não tratada. É evitável por meio do diagnóstico e tratamento oportuno de gestantes e parceiros. A meta da OMS (Organização Mundial da Saúde) e OPAS (Organização Pan-americana de Saúde) de eliminar a sífilis congênita é de 0,5 caso por 1.000 nascidos vivos até 2030.  

Foram avaliadas gestantes com sífilis e seus respectivos recém-nascidos atendidos em uma maternidade pública, voltada para o SUS. Foram analisados aspectos sociodemográficos e características clínico-epidemiológicas, bem como a distribuição, de acordo com o município de residência no oeste paulista e no município de Prudente.

Facilitadores para solução

A finalidade foi buscar identificar os aspectos facilitadores para o desfecho da sífilis congênita e os locais de maior ocorrência da doença. O período do estudo foi entre janeiro de 2019 e dezembro de 2023.

Nestes quatro anos, foram avaliados 689 casos de sífilis em gestantes atendidas em uma maternidade pública, sendo 251 casos com desfecho de sífilis congênita. Outros aspectos foram discutidos neste estudo, como o impacto da pandemia da Covid-19.

Ainda fizeram parte das discussões as ações do CITV (Comitê de Investigação de Transmissão Vertical) local, destacando o impacto do comitê como importante estratégia adotada pelo Ministério da Saúde para contribuir para a redução da transmissão vertical. Falhas no pré-natal, diagnóstico tardio e tratamento inadequado da gestante com sífilis demonstraram ser fatores que contribuem para a perpetuação da sífilis congênita no município de Prudente e região.

Sugestão para redução

O estudo sugere que, com o conhecimento dos locais de maior concentração da doença, é possível traçar ações direcionadas ao cenário local. Porém, se faz necessário o alinhamento e envolvimento dos gestores de saúde buscando subsidiar a consolidação das ações públicas.

“O modelo do estudo pode ser reproduzido por outros serviços e ser uma ferramenta a ser utilizada no diagnóstico local e construção de estratégias específicas, contribuindo para redução da transmissão vertical”, pontua o orientador Euribel.

Publicidade

Veja também