HE anuncia corte de gastos para manter portas abertas e firma parceria com Santa Casa 

Para manter atendimentos oncológicos, Hospital de Esperança fará junção de departamentos, atendimentos a pacientes da Santa Casa e demissão de funcionários

PRUDENTE - CAIO GERVAZONI

Data 26/04/2022
Horário 16:59
Foto: Santa Casa de Prudente
Acordo de cooperação entre Santa Casa e Hospital de Esperança foi firmado nesta terça e anunciada em coletiva de imprensa
Acordo de cooperação entre Santa Casa e Hospital de Esperança foi firmado nesta terça e anunciada em coletiva de imprensa

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira, o HE (Hospital de Esperança) e a Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente firmaram um acordo de cooperação visando atenuar a crise financeira pela qual passa o hospital do câncer, com o objetivo de manter os atendimentos oncológicos do HE, cortar gastos, otimizar serviços com o atendimento de pacientes - que estão na fila de espera da Santa Casa - nos leitos ociosos do hospital por falta de recursos e unir departamentos de ambas unidades hospitalares. 
“O objetivo deste acordo de cooperação é possibilitar que o Hospital de Esperança continue fazendo o atendimento oncológico superando a sua crise financeira”, declarou o presidente do HE, Felício Sylla. Segundo ele, o déficit mensal da instituição gira em torno de R$ 2 milhões e a receita fixa proveniente dos três contratos firmados com o SUS (Sistema Único de Saúde), cerca de R$ 860 mil, não são suficientes para cobrir os gastos mensais da entidade. “Anteriormente, nós começamos a atender acima do teto, é o que chamamos de extrateto. O Estado não paga. Esse atendimento extrateto, a falta de reajuste de tabela, a falta da celebração de um novo convênio são a causa da nossa situação financeira precária”, pontuou. 

Atendimento extrateto

De acordo com o HE, o atendimento extrateto abarca diversos serviços ofertados pela unidade e está muito acima do que prevê o convênio com o governo federal. Mensalmente, o acordo com o SUS obriga que o hospital realize:

- 18 tomografias por mês, no entanto, atualmente, são 555; 
- 10 ultrassonografias, porém, são feitas 248 por mês;
- 377 exames mensais, todavia, são realizados 1.478;
- 1 mil consultas por mês, porém, são feitas 2.444;
- 681 sessões de quimioterapia, no entanto, por mês são feitas 1.179;

Sylla frisou que os atendimentos extrateto são pagos a partir de doações da população, de órgãos da sociedade civil, ações de telemarketing, do repasse proveniente do título de capitalização SP Cap e do auxílio mensal de alguns municípios da região de Prudente. “Nós não atendemos mais, porque não temos aporte financeiro. Se hoje, o governo ligar e falar ‘vamos firmar um convênio para zerar a fila de oncologia no oeste paulista’, nós temos condições: temos equipamentos, estrutura e um corpo clínico de excelência”, realçou o gestor do HE. 

Acordo com a Santa Casa

O HE realçou que um dos objetivos do termo de cooperação é que os pacientes, que aguardam na fila de espera da Santa Casa, sejam atendidos nos leitos clínicos e de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) que se encontram ociosos no hospital do câncer. “É bom deixar bem claro que não vai haver diminuição dos pacientes do SUS que o HE é obrigado a atender. O que a Santa Casa vai usar é a nossa ociosidade”, explicou Felício Sylla. Atualmente, a Santa Casa é obrigada a atender 60% de pacientes do SUS e 40% de pacientes de convênios privados. “Esse número no mínimo vai ser mantido [aqui no HE]. A tratativa é preferencialmente no atendimento de pacientes do SUS”, completou. 
A junção entre HE e Santa Casa também passa pela fusão de departamentos administrativos das duas unidades. “É uma simbiose. As duas instituições com o objetivo comum de manter o HE aberto e uma oferta maior de leitos para toda população, somando o nosso com o da Santa Casa”. 

O procurador jurídico das duas entidades, Danilo Ora Cardoso, pontuou que a fusão administrativa ocorre, primeiramente, em departamentos comuns, entre eles, os segmentos terceirizados das duas unidades e os setores de contabilidade, recursos humanos, TI (Tecnologia da Informação), faturamento e financeiro. “Nos próximos dias, devemos avaliar as oportunidades da parte assistencial também para conseguir melhorar ainda mais esta otimização de recursos dos dois hospitais”, relatou. 

Demissão de funcionários

O corte de gastos do HE passa pela redução do quadro de funcionários da instituição, que de 420 pessoas passou a cerca de 390 trabalhadores, com 30 demissões sendo realizadas nesta terça-feira. De acordo com Danilo Ora Cardoso, a meta do hospital é realizar a demissão de 150 a 180 funcionários. “Essa semana estes comunicados serão expedidos. Hoje [terça-feira] foram desligadas cerca de 30 pessoas”, indicou o procurador jurídico. 
Segundo ele, as demissões ocorrem em frações de diversos departamentos do HE. “Como o hospital não pode parar, essa é uma das dificuldades. Primeiro, pelo lado social, que para a diretoria é extremamente difícil tomar essa decisão e num momento de crise desligar o funcionário. Em segundo, avaliar quais departamentos nós podemos diminuir o número de pessoas. Nós não estamos encerrando os departamentos, mas, sim, diminuindo o número de pessoas em cada um deles”.
O procurador jurídico espera que a população não entenda as ações tomadas pelas entidades como algo pejorativo. “É uma situação onde nós estamos buscando uma forma de como manter as portas [do HE] abertas. Por mais que doa uma redução, doeria ainda mais se nós fossemos para um caminho reverso de encerrar as atividades do hospital do câncer”. 

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